sexta-feira, 23 de abril de 2010

A mão de Deus - segunda parte.

Continuando minha trajetória...
Quarta de manhã, liguei para a Assistente Social da Unimed. Meu pedido para operar em Campinas foi negado. Não havia alterativa, mesmo não existindo outro especialista em Cabeça e Pescoço na região, eu teria que ser operada aqui... chorei, fiquei com muita raiva. Resolvi que iria fazer a cirurgia de forma particular, ou tentaria uma liminar para ser operada em Campinas.
A consulta com o Dr. Guilherme era logo depois do almoço. Ainda com raiva, resolvi ir assim mesmo. Bolei um plano: pediria um encaminhamento para outro médico, em Campinas, quem sabe resolveria. Estava totalmente na defensiva, não queria conhecer o médico, não queria a opinião dele, queria apenas ser encaminhada para Campinas...
Mas mudei de opinião e atitude, assim que entrei no consultório. Simpatizei com o Dr. Guilherme. Havia algo nele diferente, que me inspirava confiança. Ele me pareceu muito profissional. Leu todos meus exames com atenção. Copiou os dados principais. Perguntou sobre mim, sobre minha vida e minha família. Lavou caprichosamente as mãos antes de me examinar. Pediu licença para me tocar, para apalpar meu pescoço.
Dr. Guilherme não contestou os exames. Disse que eu estava na melhor forma para ser operada, que seria um sucesso. Me explicou o procedimento cirúrgico passo a passo. Contou sobre as sequelas pós operatórias. Tirou todas minhas dúvidas, não teve nenhuma pressa em me atender. Contou que seria pai em breve. Agendou a cirurgia. Solicitou exames pré-operatórios. Tudo sem pressa, tudo com orientação. Me passou uma confiança que eu jamais tinha sentido. Era com ele que eu queria operar. Não precisava achar outro médico, minha busca chegou ao fim.
Saí de lá renovada, lembro-me de ter ligado para meu marido e dito "achei o cirurgião. É com ele que eu quero fazer". A esperança encheu meu coração, naquele momento eu soube que Deus estava do meu lado, que todo o caminho percorrido tinha sido dirigido a um só lugar: às mãos especialistas do Dr. Guilherme.

Ontem, passados 27 dias da cirurgia, fiz um retrospecto:
- Se eu não tivesse tido problemas de digitação, não teria feito a eletroneuromiografia;
- se eu não tivesse feito a eletroneuromiografia, não conheceria a clínica do sono;
- se eu não roncasse, não teria sido encaminhada à Dra. Helena;
- se eu não tivesso ido à Dra. Helena, não saberia do nódulo;
- se a primeira PAAF não tivesse falhado, eu não seria encaminhada ao Fleury;
- se eu não tivesse ido ao Fleury, não teria um laudo conclusivo;
- se eu tivesse gostado do Dr. Marcos, eu não teria operado;
- se a Unimed tivesse autorizado, eu seria operada em Campinas;
- se todo esse caminho não tivesse sido percorrido da forma que foi, se apenas uma coisinha tivesse sido diferente, talvez tivesse sido tarde demais... eu estaria aqui, sem saber do cancer, levando minha vida normalmente, sem imaginar o perigo crescendo dentro de mim.

Mas Deus está sempre ao meu lado. Ele sempre me guia e protege. Ele me colocou frente a frente com profissionais competentes, que serão objeto de minhas orações para sempre: Dra. Helena, Dr. Carlos Antonio, Dr. Guilherme.

Que Deus os abençõe cada dia da vida deles, que lhes dê saúde e humanidade para continuarem trilhando a profissão que escolheram. E que mais vidas possam ser salvas.

Como a minha vida foi.

A mão de Deus - primeira parte

Ontem, quando eu estava descansando na rede, após o jantar, resolvi fazer uma retrospectiva sobre o que eu tenho passado em termos de saúde.
Cheguei a conclusão que aquele ditado "Deus escreve certo por linhas tortas" aplica-se totalmente ao meu caso. Na verdade, a mão de Deus percorreu caminhos tortos para chegar aqui, hoje, no meu caminho para a cura.
Em 2008, começei a sentir fortes dores e formigamento em ambas mãos. Fui perdendo a sensibilidade e a força, a ponto de não conseguir segurar um prato para lavar. Procurei um ortopedista, que me mandou fazer um exame doloroso: eletroneuromiografia.
Fui para o Hospital 22 de Outubro, e enquanto aguardava a vez de ser chamada, peguei um panfleto sobre a Clínica de Sono, que funcionava naquele hospital.
Fiz o tratamento das mãos... Passados alguns meses, do nada, comecei a roncar fortemente todas as noites. Quando chegou ao ponto de meu marido não suportar mais dormir comigo, lembrei-me da Clínica do Sono, e marquei consulta e exames.
O médico era o mesmo da eletroneuromiografia: Dr. Adilson. Após realizar todos os exames, me encaminhou a outros três especialistas: otorrino, ortodontista e endocrinologista. Quanto ao último, ele me falou sobre a Dra. Helena, que ele não conhecia pessoalmente, mas que estava obtendo sucesso no tratamento de seus pacientes.
Marquei uma consulta. Demorou três meses, mesmo sendo encaminhada por outro médico.
A Dra. Helena é uma jovem e bonita profissional. Disse a ela que precisava emagrecer, e no exame físico, ela disse que minha tireóide estava aumentada, e apresentava um nódulo do lado esquerdo.
Determinou um ultrassom para investigar.
Quando realizei o primeiro ultrassom, verificou-se a existência de mais de um nódulo, mas havia um, localizado do lado esquerdo, de 0,6cm de tamanho, que deveria ser melhor investigado, pois apresentava "calcificações em seu interior", o que a Dra. Helena me disse, não era bom sinal. Ela mandou, então, que eu fizesse a punção aspirativa com agulha fina (PAAF), para colher material do interior do nódulo, para biopsia.
Realizei a PAAF no dia do aniversário de meu filho, 21 de outubro de 2009.
Nesse meio tempo, meu marido conversou com um médico amigo dele, Dr. Carlos Antonio, que passou a acompanhar o caso, ainda a distância, lendo os exames médicos que lhe eram encaminhados por meu marido.
A primeira punção só colheu sangue, foi inconclusiva...
A Dra. Helena achou por bem aguardar até janeiro, pois não poderia realizar outra punção logo em seguida, por ser um exame agressivo. Ela disse, que tb deveriamos observar o crescimento do nódulo, pois os malignos crescem mais rapidamente que os benignos.
Em janeiro fiz outro ultrassom, o nódulo havia crescido 0,1cm.
Me consultei com o Dr. Antonio Carlos, que apalpou o nódulo e disse que possivelmente seria caso cirúrgico. Pediu nova PAAF.
Como esse exame é dolorido e incômodo, não quis me submeter a outra possibilidade de resultado inconclusivo. Com a orientação do Dr. Carlos Antonio, fui encaminhada ao Laboratório Fleury, em São Paulo, segundo ele, melhor centro de medicina diagnóstica do país.
Fiz o exame particular, em fevereiro. Foram necessárias três aspirações, já que não conseguia material suficiente para análise. A vantagem, é que o Laboratório conta com uma equipe de citologistas, que analisa cada lâmina colhida, e já informa se o material é suficiente para a análise. Da primeira vez, só veio sangue. Da segunda, algumas células, porém em quantidade insuficiente. Na terceira vez, o médico disse que não poderia prosseguir, e que se não conseguisse o material, eu teria que retornar em 10 dias.
Era véspera de carnaval... aguardei até a quinta-feira seguinte, 17 de fevereiro de 2010, para ver o resultado na internet.
Veio a confirmação das suspeitas da Dra. Helena e do Dr. Carlos Antonio: "sugestivo de carcinoma papilífero de tireóide". Era o que bastava: eu estava com câncer e deveria ser operada o mais rápido possível.
Mas quem iria me operar ?
A Dra. Helena sugeriu dois médicos: um especialista em cabeça e pescoço, Dr. Marcos, e outro cirurgião muito competente, que ela gostava demais: Dr. Guilherme.
O Dr. Carlos Antonio queria que eu operasse em São Paulo ou Campinas, e me indicou vários médicos. Dentre eles, o Dr. Flávio, de Campinas.
Marquei consulta com os três.
Na sexta-feira, fui no Dr. Marcos, especialista em cabeça e pescoço. A secretária dele conseguiu um encaixe, desde que eu chegasse até 10h15min, eu seria atendida. Isso era 9h45min, eu estava trabalhando em Itapira. Saí como uma louca. Passei em casa, peguei os exames e o GPS e fui, sozinha, para Mogi Guaçu. Me perdi algumas vezes, cheguei 10h25min... o consultório estava cheio, sentei-me numa poltrona no sol e aguardei... aguardei... aguardei... Só fui atendida as 12h15min. Não gostei do médico logo de cara. Ele desprezou os exames que eu tinha feito, e disse que eu deveria fazer nova PAAF, desta vez no laboratório de confiança dele. Além disso, eu tinha quatro fatores para ele não me operar: boa saúde, menos de 45 anos, nódulo pequeno e outra coisa que nem me lembro mais. Disse que possivelmente somente faria acompanhamento clínico, realizando novos exames a cada 6 meses. Não tocou em mim. a consulta durou menos de 10 minutos, sendo que nesse meio tempo ele ficou falando ao celular com a esposa, dizendo que iria buscar alguém e que já estava saindo, que chegaria a tempo...
Saí do consultório aos prantos, com raiva do médico, cujo prognóstico foi diferente de todos os outros profissionais que eu confiava...
Cheguei em casa ainda chorando, não sabia o que fazer. Resolvi conversar com meu ginecologista, que prontamente me atendeu no consultório. Desabafei com ele... ele repreendeu a conduta do médico, explicando-me que os nódulos de tireóide são parecidos com os de mama: na dúvida, devem ser tirados. Não havia tempo para espera, a cirurgia deveria ser logo, enquanto o nódulo era pequeno. Me indicou o Dr. Guilherme.
Na segunda, fui para Campinas consultar com o Dr. Flávio. Após duas horas de espera, fui atendida. Gostei dele. Confirmou tudo o que eu já sabia, mas a cirurgia deveria ser autorizada pela Unimed, caso contrário seria particular...
Fiz o pedido para a Unimed, e deveria retornar a ligação na quarta, para conversar com a assistente social.
Nesse meio tempo, como eu já havia "achado o cirurgião", tentei desmarcar a consulta com o Dr. Guilherme, mas não consegui. Todas as vezes que ligava, o telefone não atendia ou estava ocupado...


quarta-feira, 31 de março de 2010

depois da cirurgia... e antes também

Bom, resolvi usar o blog para fazer um relato do pré e pós cirúrgico que passei.

Deveria ter seguido uma ordem cronológica, narrando os fatos desde o início... mas não o fiz. Acho que eu estava assustada, e travada para escrever, pois seria obrigada a pensar sobre...

Hoje é 31/03/2010. Fui operada em 25/03/2010. Amanhã faz uma semana.

Hoje acordei cansada de estar em recuperação pós cirúrgica, e com vontade de que tudo acabe logo. Minha mãe acha que estou me recuperando bem, mas não me sinto assim... ou melhor, me sinto assim, mas queria estar melhor.

Como não sinto e não senti dor, tenho a impressão de que poderia estar mais forte. Por outro lado, raciocinando friamente, meu corpo foi duramente agredido, extirpada uma parte, expostas tantas outras... é, acho que estou bem, então.

Ainda é dificil ficar relembrando e escrevendo... vou aos poucos.

O que eu queria deixar registrado, como mais importante, são os dois efeitos colaterais que estou sentindo: não tenho voz alguma, e engasgo com líquidos.

Os engasgos são terríveis, sinto saudades de virar um como de água com tudo, sem sequer respirar entre as goladas... mas minha realidade é outra, tremo ao aproximar o copo da boca, pois não sei o que virá depois. Algumas vezes, consigo engolir sem problemas, ainda que pequenos goles. Mas o normal, é engasgar, tossir, chiar... agora cedo, fui tomar o remédio e a água não desceu, voltou num jato forte que molhou todo meu pijama.

Não beber direito é pior do que não falar.

Mas, esses efeitos colaterais são mínimos, perto de todos os outros que poderiam ter ocorrido e, graças a Deus, não apareceram.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

O Dia do Desafio

Esta semana passou como um raio. Também, eu estava aguardando que ela demorasse, já que vou me submeter a outra punção aspirativa de nódulo tireoidiano, amanhã. O nome é pomposo, mas o exame é terrível: enfiam uma agulha no seu pescoço e sugam o liquido que está no interior do nódulo. Mas minhas expectativas com relação ao exame foram substituídas por algo mais terrível:
Minha filha C. de 9 anos, quebrou o braço no domingo, brincando numa cama elástica em uma festa de aniversário. Nada demais, já passei por isso.
O problema, é que a fratura foi na altura do cotovelo, e passei por uma peregrinação: primeiro, pronto-socorro, com médico mal humorado, cujo plantão ia terminar em alguns minutos. Após o raio X, veio a notícia de que a fratura não era boa, e que precisava chamar com urgência um ortopedista. Este, por sua vez, pelo telefone, avisou que não ia, e que era para voltarmos na segunda de manhã.
Na consulta com o ortopedista, o diagnóstico: o caso era cirurgico. Mas, ele não poderia operar, deveriamos procurar outro médico.
Começou a via sacra: achar quem operasse. Como não encontrei ninguém que pudesse atender imediatamente, viemos para Campinas, consultar com o Dr. Pedro, que nos atendeu prontamente, mesmo tendo que interromper suas férias.
O diagnóstico foi confirmado: o osso estava com um "desvio inaceitável", e a cirurgia teria que ser realizada na manhã seguinte.
Eu, que já não conseguia raciocinar direito, tive meu cérebro apagado. Foi estranho, eu não sentia nada. Não estava com medo, não fiquei nervosa, não conseguia pensar, não desmaiei, não sofri, não rezei, não chorei. Estava estranhamente calma. Não raciocinava, não vivia.
Eu tinha a certeza que tudo daria certo, mas eu não tinha sentimentos. Estava vazia, oca. Era como se meu coração tivesse sido arrancado, e com ele todas minhas emoções. Minha vida se transformou em mera existência, em mero respirar, andar, falar. Eu não era nada nem ninguém, eu simplesmente estava ali, não sei se estava vivendo ou se estava existindo. Foi assustador não ficar assustada, foi apavorante não sentir medo, foi triste não chorar, foi terrível não gritar, foi sofrido não sofrer.
Daria tudo de mim para não passar por isso, ou melhor, para C. não passar por isso. Gostaria de estar inteira quebrada, com braços, pernas, corpo, todos quebrados e precisando ser operados. Queria que fosse comigo, e não com ela. Queria sofrer no lugar dela. Queria ser anestesiada no lugar de minha filha. Queria estar agora usando gesso, com pontos no braço, com mão inchada, com dor para se mexer, e que ela estivesse apenas olhando como espectadora, e não como participante.
Foi terrível, ainda não consigo analisar com frieza o que aconteceu comigo.
Ainda tenho mil perguntas na cabeça: por que não chorei , não rezei, não sofri ? Por que era eu a anestesiada, com o cérebro, o coração e as emoções apagadas ?

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

a Cidade da Criança

Descobri que a Cidade da Criança ainda existe !!!
Alguém se lembra dela ? Era mais ou menos como a Disney brasileira, ou eu achava que era, quando tinha 9 anos.
Todos meus amigos conheceram a Cidade da Criança. Eles não se cansavam de falar e contar como era maravilhoso lá. Tinha até uma casa do terror !
Mas eu não conheci. E tudo aconteceu pq, quando eu tinha 9, teve uma excursão escolar para lá. Como eu estudava em escola pública, em Campinas, a viagem era o máximo que alguém poderia desejar. Que Playcenter, que nada ... que Hopi Hari... o bom mesmo era a Cidade da Criança, em São Bernardo do Campo.
Na verdade, era tudo um contexto: o onibus, a excursão, o lanche, e... toda a diversão. E, após um dia maravilhoso, voltar para a escola e contar para todos, relembrar os melhores momentos, e, contar para mim, a única que não foi.
Mas meu pai trouxe a solução: assim que meu irmãozinho nascesse, ele me levaria lá. Claro, o motivo para eu não ir era: minha mãe estava grávida e não podia se preocupar.
Bem... meu irmãozinho faz 33 este ano. Eu ainda não fui.
Achei até que não existia mais, até que... li numa reportagem no Estadinho que ela existe, está lá, ainda cheio de atrações espetaculares, de risadas gostosas, de correria e algodão doce !
Quem sabe um dia, Cidade da Criança, eu não apareça por aí ???

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

tempo de reconciliação

Dois fatos inusitados aconteceram no mesmo dia.
Eu detesto S. Não a conheço, nunca a vi, mas a detesto. E tenho motivo para isso, foi porque ela e meu marido se engraçaram uma vez, o que quase ocasionou uma separação, e que deixou marcas profundas em minha alma, feridas que quando eu penso que cicatrizaram, elas voltam a me atormentar...
O fato é que meu marido e S. ainda são amigos. E ele contou a ela sobre mim, sobre o nódulo. Então, ela pegou uma garrafa de água benzida, da Nossa Senhora Desatadora dos Nós, e mandou para mim. Eu sou devota da Desatadora, e S. não sabia disso. Ela alegou que ganhou a água benta naquele mesmo dia, e diante da minha situação de incertezas, fez um gesto de carinho, mandando-a para mim.
Antes disso acontecer, durante a madrugada, eu sonhei com AR. Esta é minha hiper-super-mega-inimiga, alguém que já foi amiga, mas puxou o tapete, e cuja existência eu não só abomino, mas tb ignoro. Eu sonhei que ela tinha deixado um álbum sobre uma mesa e eu, curiosa, resolvi olhar. Ela me pegou no flagra, abriu um sorriso espetacular e começou a falar comigo sobre as maravilhas da maternidade...
Será que é tempo de reconciliação ?

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

a coisa em mim

Estou com um nódulo na tieróide. Na verdade, estou com dois, mas devo me preocupar somente com um, aquele localizado no lado esquerdo. Em outubro, ele media 0,5 x 0,5. Agora cresceu, está com 0,7 x 0,5. Possui calcificações em seu interior, o que, segundo entendi, não é uma boa coisa. Em razão disso, vou me submeter a uma segunda punção, já que a primeira falhou. É aterrorizante saber que uma agulha será enfiada em seu pescoço, e que vai aspirar algo que vc tem ali. É apavorante lembrar que o procedimento é feito sem qq anestesia, ou seja, com vc acordada, sabendo que a agulha está entrando. Tb é estressante aguardar o resultado, que pode ser câncer. Bem, vou me submeter primeiro a punção. Depois devo me preocupar com o resto, que pode ser desde cirurgia, quimioterapia e radioterapia, quanto apenas um acompanhamento semestral.
Acho que devo me acostumar com agulhas, já que serei furada mais duas vezes essa semana: amanhã com o exame de sangue e sábado, com a punção.
Será que agulhas são algo que se acostuma ? Isso depois eu conto.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Batizado

Ontem batizei M. É uma honra poder batizar alguém, significa que somos queridos, e que os pais delas nos veem como pessoa responsável e competente para arcar com algo tão significante.
Quando nos aproximamos da bia batismal, com M. no meu colo, achei que ela ia chorar. Quando a deitei, então... mas... surpresa ! Ela não chorou, ficou paralisada, olhando para mim, com um olhar confiante, de que tudo iria dar certo. E deu !!! Tive a impressão que ela adorou ter a cabecinha molhada e que, por alguma forma, sabia que aquele momento era especial.
Por isso, acredito em anjos da guarda. Não é possível que eles não existam. Aliás, acredito em muitas coisas. Em santos, em Deus, em milagres... acredito no amor, nos espíritos e em ET.
Também acredito que não estamos aqui, à toa. Seria muito besta existir, morrer, e tudo acabar aí. Não, não pode acabar assim. Existe a vida eterna, com o espírito, existe reencarnação, existe o "aqui se faz, aqui se paga", nem que seja preciso muitas vidas para aprender e corrigir-se.
Também existem os amores eternos, as almas gemeas, e eu tenho 3: C, E e C. Não posso viver sem elas, e não consigo estabelecer se uma é mais importante para mim que a outra.
Aliás, quando engravidei pela segunda vez, tinha um medo: que eu não conseguisse amar alguém como em amava o E. Assim, descobri que o amor não se divide, que o amor se multiplica. Mas esse assunto rende uma nova postagem...

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

A lembrança mais esquecida.

Não entendi o que aconteceu... meus joelhos sangravam, uma vizinha me levou até a casa dela, tomei água com açúcar, e depois entrei num táxi. Minha mãe estava no jardim de uma casa, com sangue, e as pessoas falavam para eu não olhar...
Esta é minha lembrança mais remota. Não tenho certeza se aconteceu exatamente assim, lembro-me como se fosse um episódio esquecido, de um programa qualquer. Sem emoção, sem som, sem outras coisas... era dezembro de 1970, haviamos sofrido um acidente de trânsito.
Mas esse assunto é um tabu, algo que desejamos esquecer. Não deve ter sido fácil passar Natal, Ano Novo, Aniversário, internada no hospital, com fratura de fêmur, e minha mãe, então... nem é bom lembrar.
Porém, quis começar a escrever minhas memórias a partir desse fato, que é minha lembrança mais antiga, eu tinha 2 anos.
De agora em diante, colocarei minha biografia aqui. Assim, meio bagunçado, desorganizado, fora de ordem cronológica, como eu sou, como minha vida é.
Um desafio que inicia hoje, com esta página inicial. Boa sorte.